COLUNA DO SARAIVA


UM GRÊMIO COM CARA DE GRÊMIO

Quarta-feira, 11/12/2024, 20h12min - Foto: Divulgação
UM GRÊMIO COM CARA DE GRÊMIO

Neste dia 11 de dezembro cumpre-se 41 anos da conquista do Mundial em Tóquio. Os dois mágicos gols de Renato e a maior festa que o Estado do Rio Grande do Sul presenciou se iniciava ali.

Cumpriu-se um ciclo, que havia iniciado em 1977, com a reconquista da hegemonia no Estado, depois daqueles duros 8 anos daquela década. Havíamos conquistado o Brasileiro em 81 e o bicampeonato em 82 não aconteceu porque Oscar Scolfaro deixou de marcar um pênalti, onde Andrade tirou a bola que entrava no gol com uma espalmada.

Em 83 fomos redimidos em Tóquio. Renato ainda viria a mostrar todo seu valor nas finais da Libertadores de 1984, quando o bicampeonato nos escapou no Olímpico, naquele estranho jogo onde o bicho não havia sido combinado. Naquele jogo Renato jogou muito mais que muitos que poderiam ter mostrado mais... mas no final perdemos, com gol de Burrochaga. Lá na Argentina demos um banho de bola neles mas o gol não saiu.

Jamais poderá ser questionado o gremismo de Renato, que mereceu a estátua que adorna a Esplanada e deixa a mensagem às gerações que virão. Não houve maior conquista que aquela que resultou de seus dois gols.

Renato se fez treinador e trouxe ao Grêmio seu estilo de gestão de grupo e formação de elenco e resultou numa certa “dependência afetiva”. O balanço de seu comando é de títulos, mas é também de algumas derrotas acachapantes. Então se o jogador é inquestionável, sem dúvida o treinador Renato tem muitos altos e baixos, e ultimamente mais baixos do que altos.

Se faz sentida sua saída, tipo um casamento que se desfaz ainda com amor entre os separandos, mas que definitivamente não estava dando certo, e que ambos decidem terminar, seguindo amigos...

O Grêmio precisa se reinventar, reencontra-se consigo mesmo, retomar a capacidade de indignação e romper com zona de conforto, onde não distinguem vitórias e derrotas. Intolerável a conduta de quem aceita derrotas.

O Grêmio nasceu para vencer e se é de perder, que o preço da derrota seja muito alto. E o que nós gremistas esperamos de 2025. Um Grêmio com cara de Grêmio.

João Saraiva
Advogado



QUE TUDO POSSA SER DIFERENTE

Terça-feira, 03/12/2024, 18h12min - Foto: Divulgação
QUE TUDO POSSA SER DIFERENTE

Há muitos anos, ainda na Faculdade de Direito, assisti a uma palestra do celebre jurista baiano Calmon de Passos, onde esse afirmava que na lida do Direito nos cumpre acordar todo dia como ressuscitássemos, com a mesma energia de antes de conhecer a primeira decepção.

Vida de gremista é meio assim, talvez por isso Lupi cravou a sentença de imortal ao Tricolor.
Foi este o sentimento naquele primeiro tempo contra o São Paulo na Arena, naqueles 2x0 e onde de novo nos sonegam um pênalti claro, talvez porque o São Paulo tenha vindo meio fantasiado de Flamengo.

No final 2x1, com aquela agonia própria dos jogos dessa temporada de 2024. Depois mais um bate boca de Renato com a imprensa, que há muito tempo perdeu sua respeitabilidade. Em outros tempos algo assim seria impensável.

Os resultados paralelos mantém o Grêmio na elite com duas rodadas de antecedência e até chance de libertadores (resultados tão improváveis quanto aqueles que alimentaram o delírio de título do coirmão).

Mas futebol é assim, e o Atlético provou outro dia que não é só com o Botafogo que acontece o improvável... Agora é pensar 2025, remontar o time, manter os melhores - e a janela do meio do ano foi promissora - e refazer ao menos uma defesa, pois não é possível que Geromel quase aposentado ainda seja salvador. Que tudo possa ser diferente, pois não dá para suportar um sufoco a cada rodada.

João Saraiva
Advogado



BRAITHWAITE E MAIS DEZ

Sexta-feira, 29/11/2024, 08h11min - Foto: Divulgação
BRAITHWAITE E MAIS DEZ

Talvez seja simplificar demais para explicar um determinado cenário. Ano passado o Grêmio foi vice-campeão brasileiro porque era Suarez e mais dez.

Esse ano, depois de um primeiro turno em padrões "prancheta", a chegada de Braithwaite trouxe a esperança de não cair. O dinamarquês joga e faz jogar e é uma liderança absolutamente positiva em contraste com outros aparentemente acomodados em uma zona de conforto constrangedora. Em 15 jogos 8 gols e 2 assistências.

Mas evidentemente há outros pontos positivos. Marchesin por exemplo. Ou Rodrigo Ely. Dois que foram muito criticados e mostraram valor. Marche salvou o Grêmio muitas vezes e Ely é hoje o melhor zagueiro do grupo - grupo, aliás, limitadíssimo.

O desempenho da equipe, todavia, no geral, é sofrível e o torcedor permanece apreensivo até o último minuto. Mas, com o grito da torcida nosso Grêmio esperamos todos permanecerá na série A. Há outros piores...

Oremos e apoiemos para que consigamos passar este 2024 vivos. Mas esse não é o Grêmio. A torcida não merece esse desempenho pífio - sem alusões a homônimos ...

Agora, para superar esse momento triste, certamente não será simplificar demais dizer que é Braithwaite e mais dez...

João Saraiva
Advogado



ALÍVIO E FRUSTRAÇÃO

Quinta-feira, 21/11/2024, 20h11min - Foto: Divulgação
ALÍVIO E FRUSTRAÇÃO

O pós jogo contra o Juventude, naqueles mais de quarenta mil que saiam da Arena; em todo lugar onde um gremista acompanhara este 2x2; o sentimento reinante era paradoxal: frustração e alívio.

Alívio por que escapamos de perder, com gol no último minuto e goleiro defendendo pênalti, para um time que não ganha do Grêmio em Porto Alegre há dezesseis anos, desde 2008.

Frustração total pelo mesmo motivo, com a agravante que a própria direção do clube anunciou este como jogo de vida ou de morte.

Alívio, porque permanecemos com chance de escapar de outro rebaixamento, outra humilhação, onde uma derrota seria fatal.

Frustração, por um Grêmio absurdamente ridículo em campo, sem jogadas, que só deu sinais de esperança, no vamos que vamos, nos minutos finais na individualidade de Soteldo e Monsalve em campo.

Um fiasco, onde fomos salvos por Marchesin, outra vez, agora, finalmente, defendendo um pênalti. Talvez o mais importante dos pênaltis a que lhe incumbia defender. Uma defesa que devolveu a esperança a maior torcida do Sul do Brasil, embora tão poucos motivos para confiar...

Lembrei dos anos setenta. Daqueles confrontos entre 75 e 76 com o time deles, que na época era avassaladoramente superior.

Mas estávamos lá. Gritando Grêmio a plenos pulmões e o time em campo se desdobrava superando suas limitações e enfrentando de igual para igual aquele que sabíamos era melhor que o nosso. Mas o Grêmio não se mixava, lutava, corria, organizadamente, e nos dava esperança na vitória. Havia empolgação e entrega, mas não só isso, havia disciplina tática que nos dava confiança.

No meio da torcida azul, preto e branco, sentado no cimento com sua almofada azul, num Grenal decisivo lá no Beira Rio, na arquibancada superior, perto do “boné”, torcendo junto conosco, o Presidente Luiz Carvalho. Isso foi em 1975, talvez em 1976.

Vê-lo ali, sentado no meio da torcida, como um torcedor comum, passava a todos nós o entusiasmo que se desdobrava em nosso grito apoiando um time que não se entregava e nunca fez fiasco, mesmo perdendo no detalhe.

Esperança, organização, entrega, é tudo que queremos, pois não é possível estar a jogar NADA, como sentenciou o bravo Braithwaite ouvido pela imprensa. Vivemos de esperança, por atitudes como de Braithwaite e de Marchesin. Esperança, pois não suportamos mais frustrações e sair aliviados por não perder.

João Saraiva
Advogado



OS JAPONESES E OS GREMISTAS

Sabado, 16/11/2024, 12h11min - Foto: Divulgação
OS JAPONESES E OS GREMISTAS

O grande império chinês, desde a conquista mongol, dominou a Ásia, alimentando o desejo de conquistar o Japão, um Estado Feudal, em permanentes lutas internas. Mantinham espiões no Japão para identificar o período em que os japoneses estivessem mais divididos, lutando entre si, para fazer uma invasão. Assim suas tentativas. Mas, bastava a caravela chinesa ser identificada no mar, para os japoneses superassem as divergências, se unissem, e rechaçassem os invasores. A China nunca dominou o Japão.

Nosso Grêmio, neste período de más atuações e maus resultados, está meio como o Japão feudal. Há os anti, os contra, os pró, Renatistas, ati-Renato, até Rogeristas, sendo reverenciado no rival ...

Vivemos momentos decisivos de um campeonato péssimo que construímos, sofrendo gols em todos os jogos. Padecendo por uma magra vitória, escapando fiascos. Salvo Suarez, que foi uma luz, e nos fez vice-campeões do Brasil, as coisas não estão bem há mais tempo ...

Mas Grêmio, para o gremista de fé, é maior que tudo, que todas as adversidades. Já vivemos glórias infinitas e derrotas acachapantes, mas estaremos com o Grêmio para o que der e vier, na sina do Imortal Tricolor.

Assim nosso grande poeta Lupi, imortalizado em bronze na Esplanada da Arena, é quem nos lembra na letra do hino quem somos e do que fomos forjados.

Precisamos estar unidos no apoio para superar esta ridícula campanha de 2024, onde, fomos enxotados da Libertadores e da Copa do Brasil e estamos neste padecimento no Brasileiro, numa crise de confiança. Nos tocou o Gauchão. Mas é pouco.

A hora é do gremismo falar alto e no grito fazer prevalecer as três cores que nos une, para nos garantir entre os grandes, que é nosso lugar. Aliás, de grande entre os grandes.

Depois, vencidos os “chineses”, vamos resolver nossas questões internas.

Agradeço por estar neste site de gremistas tão ilustres, que colocam o Grêmio acima de qualquer outra aspiração. Esta é nossa paixão. Ninguém vive sem paixão. Viver é ser apaixonado. No mais serásobreviver ....

João Saraiva
Advogado



João Saraiva
Advogado, foi Promotor de Justiça e Juiz de Direito no RS. Sócio do Grêmio desde agosto de 1977.
X: @Joaobcsaraiva
Instagram: @saraivajb